Há um simbolismo importante no brutalismo que me convida à reflexão... 
O exercício de expor as coisas como realmente são, configura também, - porque não - um ato de coragem. Em tempos onde ser vulnerável e expor aquilo que é verdadeiro são os grandes vilões de todas as interações, acredito que escancarar processos pode nos trazer de volta o olhar ao que realmente importa.
Para que uma lâmpada acenda, é necessário um caminho, um mecanismo, um projeto. O botão mágico da descarga só funciona graças a todo o percurso do encanamento e distribuição da água, suas entradas e suas saídas.
Enxergo em algum nível a arquitetura trabalhando para esconder esses processos. Esconder canos, disfarçar botões, automatizar etapas, imitar materiais. Reflexo da sociedade que nos convida a usar máscaras, nos adequar onde não cabemos.
Numa interpretação mais profunda, isso é um reflexo de toda uma cultura de performance, de provações. Eu não valorizo aquilo que me fez assim, se não me transformou naquilo que eu (acho) que deveria ser, ou que um outro é. Não me importa quando, como, nem porque, só me interessa ter água limpa disponível para me livrar de meus resíduos. Não me importa a dor, o sacrifício e a animosidade de silenciar aquelo que é meu, se eu puder apresentar uma versão de mim que seja completamente aceita.
Entre leituras de espaços (internos e externos) venho entendendo a potência de minha profissão. Como é empolgante perceber que o que molda o mundo e os espaços que habitamos são as transformações daquilo que não existia para aquilo que passa a existir: pensar > agir > criar/transformar.​​​​​​​
A realidade é construída a partir daquilo que acreditamos e dos comportamentos que adotamos. Eu acredito e gosto dos processos. E espero que você também.
Vamos criar juntos?​​​​​​​
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